30.1.04
vivências diárias
São três da tarde... saí agora da cama. A inércia, mais uma vez, empurrou-me para um estádio letárgico-sobreconsciente. Por outro lado, também não me conduziu a mais lado nenhum... Pressinto um dia, ou um resto de dia, daqueles em que me vou limitar a manter os olhos abertos, sem olhar para lado nenhum mas, ao mesmo tempo, a ver tudo, tudo o que não interessa, tudo o que é trivial... E o trivial que por vezes é o mais importante... Estou fechado dentro de mim. Velado ao mundo. Sem vontade de comunicar. Bom, vontade tenho, de comunicar não sei, mas de receber sinais de reconhecimento de alguém, de alguém que sei muito bem quem é. Tem nome. Tem nome... o que é um nome? Uma relação? Um monstro espectral que nos impede de apropriar o outro? Uma pedra que nos esmaga ao menor sussurro das suas letras? Uma referência que assusta mas que também nos dá alegria? Como pode um nome ser individual? Ser nosso ou de qualquer outro? São tantos... tão iguais... mas... ao mesmo tempo tão diferentes... Hoje esmagam-me... talvez amanhã me façam sorrir. Tentava pensar nas melhores palavras que traduzissem o que sinto hoje, ou como estou, ou como me encontro... Que música me apetece ouvir? Muitas... muito diferentes... ou poucas muito semelhantes que simplesmente traduzem a mesma coisa, a mesma ideia, o mesmo sentimento. Mas isto é tudo tão relativo, tão pessoal, não é? Penso no " i am a man of constant sorrow" dos soggy bottom boys ou no "say something" dos james... na "canção dos verdes anos" do paredes no "ouvi dizer" ou na "dama do sinal" dos ornatos violeta... sim, ando numa fase ornatos agora... isto é, já tinha andado, há coisa de três anos, mas só agora é que comprei os álbuns e estou a traduzir agora os sentimentos da altura. Mas nada do que enunciei acima traduz o que sinto... Ena, o sol está a aparecer... agradeçam ao solímetro. Há um texto que não me sai da cabeça... estiquei o braço e ele veio ter comigo. Vou coloca-lo aqui. Perdoem-me pela minha incapacidade em traduzir sentimentos, nunca foi a minha especialidade... sou filósofo, tem destas coisas...
"Sur ce sentiment inconnu dont l'ennui, la douceur m'obsèdent, j'hésite à apposer le nom, le beau nom grave de tristesse. C'est un sentiment si complet, si egoïste que j'en ai presque honte alors que la tristesse m'a toujours paru honorable. Je ne la connassais pas, elle, mais l'ennui, le regret, plus rarement le remords. Aujourd'hui, quelque chose se replie sur moi comme un soie, énervante et douce, et me sépare des autres."
Françoise Sagan
Não sei se era isto que queria dizer, mas pronto, está dito...
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São três da tarde... saí agora da cama. A inércia, mais uma vez, empurrou-me para um estádio letárgico-sobreconsciente. Por outro lado, também não me conduziu a mais lado nenhum... Pressinto um dia, ou um resto de dia, daqueles em que me vou limitar a manter os olhos abertos, sem olhar para lado nenhum mas, ao mesmo tempo, a ver tudo, tudo o que não interessa, tudo o que é trivial... E o trivial que por vezes é o mais importante... Estou fechado dentro de mim. Velado ao mundo. Sem vontade de comunicar. Bom, vontade tenho, de comunicar não sei, mas de receber sinais de reconhecimento de alguém, de alguém que sei muito bem quem é. Tem nome. Tem nome... o que é um nome? Uma relação? Um monstro espectral que nos impede de apropriar o outro? Uma pedra que nos esmaga ao menor sussurro das suas letras? Uma referência que assusta mas que também nos dá alegria? Como pode um nome ser individual? Ser nosso ou de qualquer outro? São tantos... tão iguais... mas... ao mesmo tempo tão diferentes... Hoje esmagam-me... talvez amanhã me façam sorrir. Tentava pensar nas melhores palavras que traduzissem o que sinto hoje, ou como estou, ou como me encontro... Que música me apetece ouvir? Muitas... muito diferentes... ou poucas muito semelhantes que simplesmente traduzem a mesma coisa, a mesma ideia, o mesmo sentimento. Mas isto é tudo tão relativo, tão pessoal, não é? Penso no " i am a man of constant sorrow" dos soggy bottom boys ou no "say something" dos james... na "canção dos verdes anos" do paredes no "ouvi dizer" ou na "dama do sinal" dos ornatos violeta... sim, ando numa fase ornatos agora... isto é, já tinha andado, há coisa de três anos, mas só agora é que comprei os álbuns e estou a traduzir agora os sentimentos da altura. Mas nada do que enunciei acima traduz o que sinto... Ena, o sol está a aparecer... agradeçam ao solímetro. Há um texto que não me sai da cabeça... estiquei o braço e ele veio ter comigo. Vou coloca-lo aqui. Perdoem-me pela minha incapacidade em traduzir sentimentos, nunca foi a minha especialidade... sou filósofo, tem destas coisas...
"Sur ce sentiment inconnu dont l'ennui, la douceur m'obsèdent, j'hésite à apposer le nom, le beau nom grave de tristesse. C'est un sentiment si complet, si egoïste que j'en ai presque honte alors que la tristesse m'a toujours paru honorable. Je ne la connassais pas, elle, mais l'ennui, le regret, plus rarement le remords. Aujourd'hui, quelque chose se replie sur moi comme un soie, énervante et douce, et me sépare des autres."
Françoise Sagan
Não sei se era isto que queria dizer, mas pronto, está dito...