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20.12.04

diário sem número

Qualquer coisa cuja leitura começei e que já me assombra...

Miserável. Tinha por cima da cabeça o único lugar estável do cosmos, o único resgate à maldição do panta rei, e pensava que isso era lá com ele e não consigo mesma. E de facto o casal afastou-se logo a seguir - ele instruido em qualquer manual que lhe tinha ofuscado as possibilidades de se maravilhar, ela inerte, inacessível ao arrepio do infinito, ambos sem terem registado na memória a experiência aterradora daquele seu encontro - primeiro e último - com o Único, o En-soft, o Inexprimível. Como se pode não cair de joelhos perante o altar da certeza?

Umberto Eco, O Pêndulo de Foucault, página 11 linha 27 a pagina 12 linha 4.

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