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25.1.09

sou uma pedra

"Sou uma pedra, sou uma pedra, dizia-se. E depois, para evitar até falar consigo mesmo: pedra, pedra, pedra.
O que sentiria eu se fosse realmente uma pedra? Em primeiro lugar o movimento dos átomos que me compõe, ou seja o estável vibrar  das posições que as partes das minhas partes das minhas partes mantêm entre si. Sentiria o zumbir do meu empedrecer. Mas não poderia dizer eu, porque para dizer eu é preciso que haja outros, algo de outro a que possa opor-me. Em princípio a pedra não pode saber que haja outro fora de si. Zumbe, pedra ela mesmo pedrante, e ignora o resto. É um mundo. Um mundo que mundula sozinho."

Humberto Eco, "A Ilha do Dia Antes", Capítulo XXXVII - Exercícios Paradoxais sobre como Pensam as Pedras, página 434.


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