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11.4.09

apetites infernais

Conheci-te quando precisava de textos, de sonhos, teus e de outras, que me alimentassem a imaginação e me fizessem acretidar que não era só eu que vivia ou que algo fora de mim me escapava... Tornei-te hábito e sempre que aparecias lá estava eu à espera do que tinhas para dar... Um hábito que se tornou procura incessante... Dei por mim a correr na tua direção, que não sabia qual era, para devorar vorazmente o que tinhas a dizer, e nas tuas palavras colocar as minhas, pequenas correções subtis, para ter a certeza que o que dizias, o que sonhavas, era o que eu queria dizer e sonhar também... Um dia tornáste-te real... Passáste dos bits e bytes para os átomos e moléculas que já eras mas eu não sabia... E continuei a consumir o que me davas... De repente, sem pensar, sem mais nada, comi-te... Mas ao comer-te, matei-te... A minha voracidade, o meu desejo de te possuir aniquilou o que eras... Os teus sonhos perderam-se... Fiquei só com os meus... Já não existias... De ti já não restava nem pó... Só uma vaga memória, imagens e pensamentos fragmentários... Sei que ainda existes... Acho... Calculo que ainda andes por aí... Às vezes ainda te procuro... Mas as tuas palavras, que ainda leio, ecoam sempre na minha memória do que tinhas sido... Um dia comi-te... E fiz desaparecer tudo o que podias ter sido...

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