23.9.09
horas lentas
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Passa pouco das dezanove horas no espaço ágórico da sala de leitura da biblioteca... Os transeuntes, pouco mais de uma dezena, concentram-se no seu caminho em direcção aos saberes... Sentado de um dos lados encostado à parede e ao "aquário" que dá acesso ao depósito da biblioteca, observo o lento passar das horas, dos minutos... Vou olhando para para o telemóvel na esperança de que o meu "camarada de trincheira" a umas dezenas de metros de distância, no intervalo de uma das suas vozares defesas do nosso espólio impresso tornado barato em feira, ache tempo para me relatar mais uma das suas aventuras... O sol está quase a pôr-se agora em mais um fim de tarde de final de verão... As luzes electricas, maravilha do mundo moderno, foram agora ligadas, revelando o estranho tecto de textura circular (nada resta da velha faculdade de letras dos anos vinte do século passado)... O dirão os fantasmas que estas paredes por certo albergam? "Oh, oh menina, olhe que esse corredor entre as mesas não é uma passerela..." "Não arraste a cadeira, oh senhor, estão pessoas a trabalhar..." Andará por aqui o nariz adunco? O seu retrato ainda mora no último depósito, escondido, empoirado, entre outros retratos de gente menos conhecida, directores diz o papel que os identifica. "Oh, oh jovem, olhe que isto não é uma praça pra está para aí a tagarelar", susurra o espectro... A noite avança... Na realidade não se ouve nada... nem é suposto, estamos numa biblioteca... Shiu...