29.1.10
sobre a morte
Numa investigação sobre a morte, sobre as atitudes perante a morte, várias são as questões prévias que se colocam não só relativamente ao tipo de abordagem que se pode ter perante o próprio conceito e significado simbólico do “acontecimento” da morte, mas também relativamente à visão e ao significado que o mesmo “acontecimento” tem para cada um. Antes de tudo, fazer a análise da morte, ainda que de um ponto de vista da observação das atitudes perante esta, não deixa também de ser um exercício pessoal da morte, enquanto experiência da morte própria por um lado, experiência essa sempre numa dimensão em que nos projectamos como ausência presente da própria morte, não a sofremos, simplesmente vemos a nossa ausência, simbolicamente representada, por exemplo, numa campa com o nosso nome ou foto e com pessoas conhecidas à volta ou seja projectamos a nossa morte através da experiência da nossa morte tida pelo outro, e por outro lado como experiência da morte do outro, desta vez vista como ausência e tida/sofrida na primeira pessoa. Em bom rigor, a experiência da morte é sempre uma experiência de ausência. Por um lado de nós próprios em relação ao mundo, somos como o espião invisível que vê a sua ausência como que escondido atrás de algo, e por outro lado a ausência do outro sentida na primeira pessoa. Ou seja, a morte é sempre a morte do outro.
28.1.10
foi como entrar
foi como arder
para ti nem foi viver
foi mudar o mundo
sem pensar em mim
mas o tempo até passou
e és o que ele me ensinou
uma chaga pra lembrar que há um fim
diz sem querer poupar meu corpo
eu já não sei quem te abraçou
diz que eu não senti teu corpo sobre o meu
quando eu cair
eu espero ao menos que olhes para trás
diz que não te afastas de algo que é também teu
não vai haver um novo amor
tão capaz e tão maior
para mim será melhor assim
vê como eu quero
e vou tentar
sem matar o nosso amor
não achar que o mundo é feito para nós
foi como entrar
foi como arder
para ti nem foi viver
foi mudar o mundo
sem pensar em mim
mas o tempo até passou
e és o que ele me ensinou
uma chaga pra lembrar que há um fim
FIM
5.1.10
manhã... os raios de sol rompem ténues pelas frestas da persiana, o suficiente apenas para salientar os contornos do teu corpo... olho para ti... suavemente passo a mão pelo teu cabelo... com um sorriso, abres ligeiramente os olhos e dizes baixinho, como que um leve susurro, bom dia... por alguns instantes estamos fora do tempo, existimos só para nós... fora da surrealidade do quotidiano e da vida que o sol tem para nós la fora...
Parte 2: A dieléctica entre homens e mulheres.
Pergunta: porque é que numa sociedade capitalista as mulheres são desvalorizadas relativamente aos homens?
Resposta: A resposta a esta pergunta reside fundamentalmente na análise da relação de trabalho e do seu contexto. Do ponto de vista do capitalista, ponto as coisas nestes termos simplificados, o aumento da taxa de lucro resulta da criação de mais-valia assente na redução do custo da força de trabalho. Para obter esta redução um dos mais simples mecanismos é a da descriminaçãoda força laboral, quer seja de género, de raça, de orientação sexual, de nacionalidade, ect. Contudo, destas enunciadas, a mais amplamente difundida e aplicada é a descriminação de género. Esta discriminação exerce-se, muitas vezes de uma forma inconsciente e automática, com um único propósito, obter mão-de-obra barata. Muitas vezes esta relação é mascarada como uma conflitualidade entre os sexos, ou mesmo como consequências de uma sociedade ocidental marcadamente patriarcal do ponto de vista histórico, mas isto não passa de areia para os olhos, de tentativas do próprio capitalismo de disfarçar o seu benefício com esta discriminação de género. Resumindo, o capital precisa desta situação precária da mulher no mundo do trabalho, de perpetuar a visão de inferioridade da mulher, simplesmente porque daí tira proveito.
Resposta simplificada: Porque o capital precisa de mão-de-obra barata.