13.8.09
cesarices
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Relativamente ao poeta Cesário Verde, devo dizê-lo, tenho algum apreço por este senhor... Não creio que precise de grande justificação para colocar aqui um poema dele. Provavelmente algo não muito desconhecido... Segue abaixo um inédito, agora já não inétido, inédito que quer dizer ainda não editado em livro e não desconhecido, muito particular, mas muito interessante e decerto que apenas agradará apenas a alguns e que outros não gostarão, como em muitas outras coisas... O poema surgiu pela primeira vez em 1874 no "Almanach XPTO / Comico, Burlesco e Satyrico" e foi aproveitado pelo jornal expresso no número 1916 de 18 de julho do corrente ano no caderno actual como meio de comemorar os 123 anos da morte de Cesário. Tal como o expresso, optei por não corrigir anomalias ortográficas, contudo modifiquei o aspecto gráfico para facilitar a leitura. Segue então o poema "Escândalos"
ESCANDALOS
Falava-lhe ela assim: - "Não sei porque me odeia,
Não sei porque despreza a luz dos meus olhares,
Se o adoro com fervor, se não me julgo feia,
E o meu olhar eguala as chammas singulares
Do incendio de Pompeia!"
"Instiga-me o aguilhão do vício fatigante,
E crava-me o capricho os vigorosos dentes;
Não quero o doce amor platonico do Dante
E sinto vir a febre e as pulsações frequentes
Ao vel-o, ó meu amante!"
"As ancias, as paixões, os fogos, os ardores,
Allucinada e louca, eu vejo que abomina,
E ignoro com que fim em tempos anteriores,
Enchia-me de gosto a bôca purpurina,
E o seio de calores!"
E elle ao vel-a excitante, hysterica, exaltada,
Volveu lhe glacial, britannico, insolente:
- "A tua exaltação decerto não me agrada,
E, ó minha libertina! eu quero-te somente
para mecher salada!"
E viva o século dezanove...
Etiquetas: Devaneios Pseudo-Poéticos
27.1.04
errancias nocturnas
A cidade dorme. Dou por mim pela noite dentro a percorre-la. Sem rumo, sem destino, sem princípio, sem fim, sem jornada. Saio do covil em busca. Procuro imagens, sons, vozes, rostos. Procuro o invisível, o inaudito. Vagueio as ruas como um andarilho. Por vezes, a passagem por certos lugares traz à memória rostos já esquecidos… Procuro nas sombras o rosto de fantasmas há muito desaparecidos... a sua companhia... o calor que outrora tiveram que hoje jaz em ruína... procuro os fantasmas de hoje, espectros errantes em busca da madrugada... Monstros que se velam, escondidos por detrás da bruma, o espesso nevoeiro que cobre a cidade. Para onde vou não sei, quando vou parar também não... Quando o sol acordar, se desvelar, e vier dar vida ao dia, eu repousarei por detrás da cortina da lua...
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A cidade dorme. Dou por mim pela noite dentro a percorre-la. Sem rumo, sem destino, sem princípio, sem fim, sem jornada. Saio do covil em busca. Procuro imagens, sons, vozes, rostos. Procuro o invisível, o inaudito. Vagueio as ruas como um andarilho. Por vezes, a passagem por certos lugares traz à memória rostos já esquecidos… Procuro nas sombras o rosto de fantasmas há muito desaparecidos... a sua companhia... o calor que outrora tiveram que hoje jaz em ruína... procuro os fantasmas de hoje, espectros errantes em busca da madrugada... Monstros que se velam, escondidos por detrás da bruma, o espesso nevoeiro que cobre a cidade. Para onde vou não sei, quando vou parar também não... Quando o sol acordar, se desvelar, e vier dar vida ao dia, eu repousarei por detrás da cortina da lua...
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