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31.1.04

say something

What does it mean when someone says to you "think less and do more"? You may be asking yourselves "why on earth would he be posting about that"? Well, my doubt is not without a reason. And that reason becomes much stronger when that someone is a woman to whom i have, at least, shown desire. This sentence, to think less and do more, is so vast, so large, that to apply it to a restrict sense would be, at least, madness. I have found it to be, if not the most, at least one of the more applicable expressions to be found in the languages of men. It needs no situation, no time, no place. It can just be said. It has a meaning of its own. Is it a cliché, a beaten-up word that people use when they have nothing else to say? This woman, the one who has dropped it on me like the stroke of a hammer, is someone for whom i, undoubtedly, feel something. I don't know what or why, i just like her. The problem is i don't know with what eyes sees me. Sometimes i have the feeling that she may be fond of me, other times it seems like she doesn’t give a fuck about me. Is it a way to show that she expects something from me? I honestly do not know... I am lost trying to translate what she meant by that. Did she mean "think less and do more about me"? Or “think less and do more about your life"? Or "stop just looking at me and thinking about me and actually do something to me". From a million things she could have seen in the message i sent her there was another million she could have read there... Does she want me to do something? I really do not know what to do. I haven't exchanged any words with her for two days... either by sms or speech. I am ecstatic. I can't move. I want to say something to her, but I don’t know what. Still, i think the only way to know is to ask, no? But, does she really care? If you read this, if you somehow understand it's meant for you and if you think it's worth it, please, say something...


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30.1.04

as flores, afinal, sempre matam

trago no bolso um átomo de rosa para enganar
os imbecis
que pensam que as flores não matam

José António Franco


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vivências diárias

São três da tarde... saí agora da cama. A inércia, mais uma vez, empurrou-me para um estádio letárgico-sobreconsciente. Por outro lado, também não me conduziu a mais lado nenhum... Pressinto um dia, ou um resto de dia, daqueles em que me vou limitar a manter os olhos abertos, sem olhar para lado nenhum mas, ao mesmo tempo, a ver tudo, tudo o que não interessa, tudo o que é trivial... E o trivial que por vezes é o mais importante... Estou fechado dentro de mim. Velado ao mundo. Sem vontade de comunicar. Bom, vontade tenho, de comunicar não sei, mas de receber sinais de reconhecimento de alguém, de alguém que sei muito bem quem é. Tem nome. Tem nome... o que é um nome? Uma relação? Um monstro espectral que nos impede de apropriar o outro? Uma pedra que nos esmaga ao menor sussurro das suas letras? Uma referência que assusta mas que também nos dá alegria? Como pode um nome ser individual? Ser nosso ou de qualquer outro? São tantos... tão iguais... mas... ao mesmo tempo tão diferentes... Hoje esmagam-me... talvez amanhã me façam sorrir. Tentava pensar nas melhores palavras que traduzissem o que sinto hoje, ou como estou, ou como me encontro... Que música me apetece ouvir? Muitas... muito diferentes... ou poucas muito semelhantes que simplesmente traduzem a mesma coisa, a mesma ideia, o mesmo sentimento. Mas isto é tudo tão relativo, tão pessoal, não é? Penso no " i am a man of constant sorrow" dos soggy bottom boys ou no "say something" dos james... na "canção dos verdes anos" do paredes no "ouvi dizer" ou na "dama do sinal" dos ornatos violeta... sim, ando numa fase ornatos agora... isto é, já tinha andado, há coisa de três anos, mas só agora é que comprei os álbuns e estou a traduzir agora os sentimentos da altura. Mas nada do que enunciei acima traduz o que sinto... Ena, o sol está a aparecer... agradeçam ao solímetro. Há um texto que não me sai da cabeça... estiquei o braço e ele veio ter comigo. Vou coloca-lo aqui. Perdoem-me pela minha incapacidade em traduzir sentimentos, nunca foi a minha especialidade... sou filósofo, tem destas coisas...

"Sur ce sentiment inconnu dont l'ennui, la douceur m'obsèdent, j'hésite à apposer le nom, le beau nom grave de tristesse. C'est un sentiment si complet, si egoïste que j'en ai presque honte alors que la tristesse m'a toujours paru honorable. Je ne la connassais pas, elle, mais l'ennui, le regret, plus rarement le remords. Aujourd'hui, quelque chose se replie sur moi comme un soie, énervante et douce, et me sépare des autres."
Françoise Sagan

Não sei se era isto que queria dizer, mas pronto, está dito...


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28.1.04

bom dia

Senhoras e senhores, é com gosto que verifico que a invenção do senhor José António Franco funciona. Honras ao solímetro. Não sei quem meteu a moeda na ranhura, mas de que ontem chovia e hoje está sol ninguém pode duvidar. O sol funcionou. Está apresentada a prova empírica aos olhos do mundo. Faço vénia a este senhor-poeta pela sua magnífica invenção. Em nome de todos os que hoje se encontram debaixo do sol, um muito obrigado!


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solímetro

meus senhores e minhas senhoras
esta é
vírgula
a revolução dos credos
e dos anseios
a minha invenção
minha mas prá humanidade
senhoras e senhores
vírgula
o meu
SOLÍMETRO

basta meter uma moeda na ranhura
e esperar que o sol
funcione

José António Franco


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27.1.04

errancias nocturnas

A cidade dorme. Dou por mim pela noite dentro a percorre-la. Sem rumo, sem destino, sem princípio, sem fim, sem jornada. Saio do covil em busca. Procuro imagens, sons, vozes, rostos. Procuro o invisível, o inaudito. Vagueio as ruas como um andarilho. Por vezes, a passagem por certos lugares traz à memória rostos já esquecidos… Procuro nas sombras o rosto de fantasmas há muito desaparecidos... a sua companhia... o calor que outrora tiveram que hoje jaz em ruína... procuro os fantasmas de hoje, espectros errantes em busca da madrugada... Monstros que se velam, escondidos por detrás da bruma, o espesso nevoeiro que cobre a cidade. Para onde vou não sei, quando vou parar também não... Quando o sol acordar, se desvelar, e vier dar vida ao dia, eu repousarei por detrás da cortina da lua...

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25.1.04

hoje jantei com a morte...

hoje jantei com a morte...
ela veio de vermelho...
a televisão sempre foi crua...
não há perguntas...
não há respostas...
ainda não absorvi a presença de tal companhia...
a crueza das imagens...
a morte em directo...
nua, clara, lívida...
pobre rapaz...

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questão essencial

Há uma dúvida que me tem preocupado ultimamente. Esta questão parece-me determinante para discutir o velho problema das esquerdas que sempre opôs reforma e revolução. Será que, por um lado, as instituições valem por si mesmas e a sua actuação é indiferente às pessoas que actuam em seu nome e que essas pessoas são elas mesmas formadas pelas instituições? Ou, por outro lado, serão as pessoas que fazem as instituições, que determinam sua actuação, que decidem a política praticada pelas instituições que compõem o estado de cariz democrático? Parece-me essencial para qualquer militante de esquerda colocar esta questão, pois ele pode conduzir a uma escolha entre ser-se reformista ou ser-se revolucionário. Senão vejamos, se aceitamos a primeira hipótese estamos a aceitar os pressupostos de que os homens são meros bonecos perante um sistema que lhes amarra as mãos, que lhes cala a boca, que age por si e para si apenas. Mas então? Não compreendo. Não devia o sistema servir os cidadãos? Mas o sistema serve-se a si próprio? Está tão burocratizado o sistema que qualquer pessoa de bem que sirva o sistema é transformado em tirano? Hum... E, por outro lado, se aceitamos a segunda hipótese, o que isso implica? Que os homens são corruptos por natureza? Que no fundo o sistema apenas serve os seus funcionários? Pior, que o sistema é como uma rede que se deixa trespassar por qualquer ideia vil de um qualquer homem político? Que o estado é apenas quem por detrás dele está? Que o sistema é tão transparente que não dá nada à política? Hum... pessoalmente só tenho dúvidas... Contudo parece-me que estamos perante uma situação em que a astúcia dos políticos corruptos que servem os interesses de quem os sustenta adulterou de tal forma a virtude das instituições que já nem se reconhece a fronteira entre os homens e instituições que eles servem. A revolução está a caminho, pela força das consciências individuais, pela vontade dos homens que desejam uma justiça para todos. Pelo fim dos impérios, das desigualdades, dos tiranos. Justiça para todos! Liberdade, Igualdade, Fraternidade! Revolução Já!

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23.1.04

aceitam-se sugestões para o título nos comentários

Tenho medo de encontrar quem preciso de procurar.

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devaneio gótico-amoroso

The Cure - Burn

"Don't look don't look" the shadows breathe
Whispering me away from you
"Don't wake at night to watch her sleep
You know that you will always lose
This trembling
Adored
Tousled bird mad girl... "
But every night I burn
But every night I call your name
Every night I burn
Every night I fall again

"Oh don't talk of love" the shadows purr
Murmuring me away from you
"Don't talk of worlds that never were
The end is all that's ever true
There's nothing you can ever say
Nothing you can ever do... "
Still every night I burn
Every night I scream your name
Every night I burn
Every night the dream's the same
Every night I burn
Waiting for my only friend
Every night I burn
Waiting for the world to end

"Just paint your face" the shadows smile
Slipping me away from you
"Oh it doesn't matter how you hide
Find you if we're wanting to
So slide back down and close your eyes
Sleep a while
You must be tired... "
But every night I burn
Every night I call your name
Every night I burn
Every night I fall again
Every night I burn
Scream the animal scream
Every night I burn
Dream the crow black dream

Dream the crow black dream...

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22.1.04

À Procura de Alguém

Gosto de pessoas com hábitos... são mais fáceis de encontrar...

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21.1.04

Mensagem para T.

Há alturas em que a incapacidade de estar no mundo é tal que damos por nós parados no tempo, com o olhar fixo na abstracção, em tudo o que não seja tudo. O tempo passa, as horas, os minutos, os segundos caminham inexoravelmente numa direcção que não conseguimos agarrar. As coisas passam, por nós, estáticos, imóveis, a ver o tempo passar. Um sentimento de incapacidade toma conta de nós. Não agimos, não reagimos. Mergulhados num estado de letargia, não piscamos sequer um olho. Pensamentos circulares dominam a mente até todo o tempo útil ter passado. Aí podemos voltar a respirar e a olhar o mundo e pensamos “ena, lá passou mais um dia”.

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16.1.04

Ouve-se

Sempre que ouço esta músico imagino a marcha em rumo à victoria dos exercitos da revolução democráica. Será mesmo assim? Viverei eu para ver o dia em que a justiça, a harmonia, a liberdade, a igualdade, os direitos dos indíviduos, o respeito pela natureza que nos dá a vida, e a fraternidade entre todos os homens derrotará o polvo capitalista? Cáem-me lágrimas dos olhos quando penso nisto.
Adiante, ouçam:

ANARQUISTA DUVAL
[Adolfo Luxúria Canibal / Zé dos Eclipses - Carlos Fortes]

Pela estrada fora vinha um homem
Encoberto pelas sombras da noite
Alguém lhe perguntou o nome
«Sou uma miragem, Dizem que semeio o caos e a destruição
Como o vento semeia as papoilas
O meu nome é... Liberdade»

Vinha pela estrada fora a Liberdade
Encoberta pela noite das sombras
«Sabes quem eu sou?» perguntou ao candeeiro
«És uma miragem E pertences ao livro dos sublinhados provocadores
Que são os poetas
Almas sonhadoras»

«Anarquista Duval:
Prendo-te em nome da lei!»
«E eu suprimo-te em nome da Liberdade!!»

Sublinhados provocadores iam pela estrada fora
Carregando o livro das sombras
Da noite só restava o candeeiro
Encoberto

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Regresso

Senhoras e senhores, meninos e meninas, Gatos e Gatas, gentes:
Eu, José Manuel Ângelo Silva do Desespero Y Gato, venho, por este post, anunciar o regresso à actividade deste blog que, reconheço, tanta falta tem feito à blogosfera mundial e, admito mesmo num tom um pouco, mas não muito, arrogante à grande blogosfera inter-estelar. Quero, desde já, apresentar as minhas mais sentidas desculpas por este interregno forçado que a muitos custou, mas asseguro-vos que foi a mim que me custou mais estar afastado. Cabe agora apresentar os motivos, forçosos e forçados, que levaram a esta ausência tão sentida. Eles são vários.
Em primeiro lugar terei de colocar esta época pseudo-festiva que atravessamos entre os dias vinte de dezembro e três de janeiro. É sempre uma época que sinto com muita intensidade. Sinto profundamente afectado, perturbado, marcado mesmo, no sentido derridaniano do termo "marcar". O rasto desta época ainda habita em mim, mas reunindo as energias das minhas sete vidas de uma só vez consegui superar esta influência. Vou ser honesto, o natal não o celebro. Considero-o uma hipocrisia colectiva que serve apenas para aumentar o consumo médio anual. Podia debater durante horas esta questão, mas não o vou fazer por razões práticas e para não maçar os caros leitores. Quanto ao ano novo para mim é apenas um dia a mais que ontem e não consigo perceber a razão de tanta esteria colectiva. Estas duas festividades juntas geram em mim um "agir em mim sem mim" que me conduz a uma estar-no-mundo absolutamente passivo.
Em segundo lugar na lista das razões do meu interregno tenho de colocar uma razão mais emocional. Como dei a entender no post de dezasseis de dezembro, este Gato anda às Gatas., o que me leva com frequência a ausentar-me para o complexo mundo das relações inter-pessoais com o sexo oposto. Gatas há muitas, mas a minha idade avançada impele-me a escolher uma, a assentar e a partilhar este Ninho com a Gata que eu entenda ser a mais conveniente e que entenda, ela, a Gata, que eu seja o Gato mais conveniente. Como o meu leitor pode compreender esta é uma tarefa titânica. Eu tenho mesmo dificuldades, mesmo na minha condição de Gato, a compreender o alcance a a magnitude deste problema. Daí que esta situação também me tenha afastado do apoio que era dado por este blog a una enorme comunidade de leitores.
E pronto, estão assim enunciados os motivos que conduziram ao longo interregno de publicações neste blog, mas não desesperem Gatos e Gatas deste mundo, pois O Ninho do Gato regressará com posts regulares a partir deste dia. Não desesperem Gatos de todo o mundo pois a luz que iluminará o mundo resplandecerá.

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8.1.04

Ausência

Este gato regressará ao activo dentro de momentos. Desde já apresentamos as nossas desculpas pelo longo interregno. Prometemos ser breves. Obrigado.

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